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CAPA

EDITORIAL (JC pág. 2)
As intermediações na relação médico-paciente, agravadas pela criação de consórcio para financiamento de cirurgias plásticas


ENTREVISTA (JC pág. 3)
O convidado desta edição é Marcos Bosi Ferraz, diretor do Centro Paulista de Economia em Saúde da Unifesp


ATIVIDADES 1 (JC pág, 4)
Encontro promovido pelo Cremesp, discutiu a atuação das comissões de ética médica compostas por médicos peritos atuantes no INSS


CONJUNTURA (JC pág. 5)
Já está em vigor nova resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que restringe a propaganda de medicamentos


FISCALIZAÇÃO (JC pág.6)
Maioria das cooperativas médicas oculta as relações de trabalho permanente, mostra levantamento do Cremesp


PSF (JC págs. 8 e 9)
Série de reportagens sobre o sistema público de saúde aborda, nesta edição, o Programa Saúde da Família


ÉTICA & JUSTIÇA (JC pág. 10)
Desiré Callegari, coordenador do departamento jurídico do Cremesp, orienta como os médicos devem proceder frente a uma denúncia


GERAL 1 (JC pág. 11)
Acompanhe a trajetória - ilustre - do médico dermatologista Ettore de Toledo Sandreschi


ÉTICA MÉDICA (JC pág. 12)
Texto de Isac Jorge Filho conduz o leitor a refletir sobre o ato de cuidar quando não é mais possível curar


GERAL 2 (JC pág. 13)
Cremesp dá prosseguimento às discussões sobre a revisão do Código de Ética Médica


ALERTA ÉTICO (JC pág. 14)
Esclareça suas dúvidas para prevenir falhas éticas causadas pela desinformação


HISTÓRIA (JC pág, 16)
Hospital Matarazzo e Maternidade São Paulo: o ocaso de duas importantes instituições de saúde que marcaram presença no século XX


GALERIA DE FOTOS



Edição 256 - 01-02/2009

HISTÓRIA (JC pág, 16)

Hospital Matarazzo e Maternidade São Paulo: o ocaso de duas importantes instituições de saúde que marcaram presença no século XX


HOSPITAL MATARAZZO E MATERNIDADE SÃO PAULO

Um século de história da medicina em pleno abandono

O fechamento do Hospital Matarazzo e da Maternidade São Paulo está apagando da memória dos paulistanos duas das mais importantes instituições de atendimento à saúde da população, que fizeram parte da história da cidade.

Financiados pela classe médica e industrial paulista, esses hospitais, construídos no final do século 19, vivenciaram, no decorrer dos séculos 20 e 21, o seu apogeu e queda. O descaso e a má administração foram os principais personagens desse crime contra a saúde pública no Estado.

HOSPITAL MATARAZZO

Segundo Carlos Alberto Garcia, ex-diretor do hospital, com a decadência do “império Matarazzo”, em 1986 o hospital deixou de pertencer à Sociedade Beneficente Hospital Umberto Primo, que era de controle da família. Sua administração foi dividida entre a comunidade ítalo-brasileira de São Paulo, os funcionários – mas ambos não tiveram recursos para mantê-lo – e a Secretaria de Estado da Saúde, que por dificuldades econômicas e administrativas fechou o hospital em outubro de 1993.

Com o slogan “A saúde dos ricos para os pobres”, a Societá Italiana de Beneficenza in San Paolo, cujo principal contribuinte era o conde Francisco Matarazzo, inaugurou, em 1904, o pavilhão administrativo Humberto I e, posteriormente, em 1915, a Casa de Saúde Francisco Matarazzo. A intenção da sociedade, ao adquirir o terreno de 27.419 m² entre as atuais ruas São Carlos do Pinhal, Itapeva e Alameda Rio Claro, era construir um hospital para os imigrantes italianos que viviam em São Paulo. Durante as décadas seguintes foram feitas obras de ampliação do complexo hospitalar, como a construção da capela em 1922; a Casa de Saúde Ermelino Matarazzo em 1925; a Clínica Pediátrica “Amélia Camilis” em 1935; e a Maternidade condessa Filomena Mata¬razzo construída em 1943, especialmente para o parto da filha do conde.

Na década de 50, chegou a ter 500 leitos, dez a mais que na sua inauguração, e nos anos 70 passou a ser referência na formação de profissionais, ao firmar convênio com o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), sendo que sua maternidade era vista como a melhor da América do Sul. “É triste ver o hospital fechado, já que era o único no eixo da avenida Paulista que atendia pelo SUS”, lamenta Garcia.

Em 1996, o imóvel foi comprado pela Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), que tinha projetos de vendê-lo para a construção de um shopping e um hotel de luxo, porém o alto custo da reforma, o seu tombamento em 1986 – que impede a construção de outras instalações que o descaracterizem – e a ação civil dos moradores do bairro Bela Vista contra a obra, afastaram os interessados. Segundo informou a assessoria da Previ, a entidade “vem prospectando negócios que tragam a melhor rentabilidade e maior liquidez para o investimento, respeitando as questões legais, limitações construtivas e tombamento”.

Em 2005, a Fundação Zerbini, ligada ao Instituto do Coração (Incor-SP), demonstrou interesse em alugar o imóvel por 20 anos, porém sua assessoria informou que o projeto não seria viável financeiramente e o contrato não se concretizou. Enquanto não tem um destino certo, o prédio do antigo hospital está abandonado e sujeito a invasões, como a de 1998, na qual um grupo de sem-tetos entrou no local e vários equipamentos foram roubados.


   MATERNIDADE SÃO PAULO

No dia 15 de setembro de 2003, após 109 anos de atendimento, a Maternidade São Paulo encerrou suas atividades. A instituição não conseguiu superar a crise financeira que começou na década de 70.

No início a Maternidade São Paulo era uma instituição privada, mas que também prestava atendimento às mães carentes. Essa característica acabou por classificá-la como entidade filantrópica, com uma ala específica mantida por doações, convênios com o setor público e também pela receita da parte privada.

Na década de 60, a maternidade – já reconhecida internacionalmente pela qualidade de seus serviços – oferecia cursos e dispunha de tecnologia avançada – como UTI neonatal e ultrassom (o primeiro de São Paulo) e circuito interno de televisão, por meio do qual era possível assistir a partos e cirurgias.

Segundo Luiz Antonio Pardo, ex-diretor clínico e técnico da maternidade, as dificuldades começaram em função da vinculação dos pagamentos à tabela de honorários hospitalares e médicos do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), criado em 1964, em pleno regime militar. A  tabela do instituto foi considerada atraente na época, uma vez que a Unidade de Serviço (US) estava atrelada ao salário mínimo. “Na minha visão, naquele momento começaram os problemas que levariam a Maternidade São Paulo à crise financeira”, afirmou.

Em 1975, o governo congelou e desvinculou a US do salário mínimo. “Só voltaram a corrigir o valor em 1978, portanto, após três anos, e com valores cada vez mais irrisórios”, disse Pardo.

Quando a maioria das instituições privadas deixaram de atender pelo SUS, focando-se no atendimento particular e por meio de convênios, a Maternidade São Paulo foi perdendo espaço para outros serviços de referência nessa área, e, para se manter, o caminho foi buscar doações ou subsídios públicos.

Em 1995, a Diretoria Clínica reduziu o atendimento a quatro andares, diminuiu as inter-nações pelo SUS e descredenciou o atendimento de pacientes de alto risco. O objetivo, com essas ações, era salvar a maternidade, transformando-a num Hospital Geral. “Com a diminuição dos custos, desperdícios, eliminação de convênios inadimplentes, foi possível, aos poucos, reformar todos os setores. Além disso, recebemos uma doação equivalente, hoje, a R$ 100.000, que nos permitiu comprar mesas cirúrgicas, aparelhos de anestesia e elaborar um projeto para um novo centro obstétrico, no segundo andar, deixando todo o primeiro piso para centro cirúrgico de um hospital geral”, conta Pardo.

Essa transformação teve início em 1998 e a Associação Maternidade de São Paulo passou a ser denominada Associação Hospitalar Maternidade São Paulo, que formou uma parceria com a Unimed São Paulo, para implantar serviços importantes para o pronto atendimento. Mas em 2001, por conta de dificuldades financeiras, a maternidade já acumulava uma dívida de mais de R$ 4 milhões. “O serviço era prestado, mas não havia receita”, lembra o ex-diretor técnico. Assim, a Maternidade São Paulo acabou fechando as portas em 2003 e teve o seu prédio leiloado no início de 2006, que foi arrematado pela empresa Casablanc Representações e Participações Ltda, por mais de R$ 18 milhões. Entretanto, hoje, o prédio da rua Frei Caneca, onde um dia funcionou a primeira maternidade de São Paulo, continua vazio e abandonado.


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