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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Marcos Boulos


PARTOS (pág. 4)
Boas práticas obstétricas


QUADRO DA SAÚDE (pág. 5)
Plano de Carreira em São Paulo


ÓRTESES E PRÓTESES (pág.6)
Utilização indevida de materiais


SAÚDE PÚBLICA (pág.7)
Crise na Santa Casa


EXAME DO CREMESP (págs. 8 a 9)
Avaliação de recém-formados


POLÍTICA (pág. 10)
Médicos eleitos


NOVA DIRETORIA (pág. 11)
Posse em sessão solene


JOVENS MÉDICOS (pág. 12)
Recomendações ao médico


EU, MÉDICO (pág. 13)
Medicina Superação


ANUIDADE 2015 (pág. 14)
Período de desconto


BIOÉTICA (pág. 15)
Decisões na adolescência


GALERIA DE FOTOS



Edição 322 - 01-02/2015

EXAME DO CREMESP (págs. 8 a 9)

Avaliação de recém-formados



Reprovação chega a 55% dos recém-formados em Medicina em SP

 

Entre os participantes que cursaram escolas privadas, 65% não alcançaram a nota mínima


Luna e Azevedo: graves problemas na formação dos futuros médicos


O Exame do Cremesp de 2014 confirma a situação alarmante do ensino em escolas médicas, com um índice de reprovação de 55%, similar ao do ano passado, de 59%. (Quadro 1) Os resultados da avaliação de médicos recém-formados foram divulgados em coletiva de imprensa no dia 29 de janeiro, na sede do Conselho.

No ano em que completa dez anos, o Exame do Cremesp teve recorde de participantes de 30 escolas paulistas, com abstenção de apenas 0,9% de 2.916 inscritos. Em 2013, esse percentual havia sido de 2,8%; e em 2012, de 2,5%.

Essa é a terceira edição depois que o Exame se tornou obrigatório para quem deseja obter o registro de médico no Cremesp e atuar no Estado de São Paulo. Entretanto, o registro no CRM continua a ser realizado independentemente do desempenho ou da aprovação nas provas.

 

Desempenho

Dos 2.891 recém-formados em escolas médicas do Estado de São Paulo que participaram da prova, um total de 1.589(ou 55%) não atingiu o critério mínimo definido pelo Cremesp para atuar na área médica. Ou seja, acertaram menos de 60% do conteúdo da prova.

Entre as escolas públicas paulistas, a reprovação foi de 33%, enquanto nas particulares foi de 65,1%, quase o dobro, o que evidencia a diferença na formação entre elas. (Quadro 2)

“Quando mais da metade não alcança média, indica que temos problemas graves na formação médica. Mas a decisão de impedir esses indivíduos mal formados de exercer a Medicina e, portanto, de colocar o cidadão em risco, cabe à sociedade brasileira, com a aprovação de leis que cerceiem essa prática”, declarou Renato Azevedo Júnior, diretor 1º secretário do Cremesp, que participou da coletiva de imprensa juntamente com o presidente e coordenador do Exame do Cremesp, Bráulio Luna Filho. 

O Exame do Cremesp permite avaliar o percentual de acerto de cada questão. Desse ponto de vista, a prova do Conselho pode ser considerada de média a baixa complexidade, capaz de discriminar as pessoas que sabem das que não sabem. Segundo o presidente do Cremesp, “o que se espera desses alunos é que tenham um conhecimento médico, com­patível com o esperado de sua formação para exercer a Medicina”.

 

Outros Estados

Além dos 2.891 egressos de escolas paulistas, outros 468 participantes formaram-se em diversos cursos de Medicina de outros Estados. Entre os alunos de escolas fora do Estado de São Paulo, a reprovação foi de 63,2%, maior que a dos demais participantes. A reprovação também foi maior  entre os alunos de cursos privados (78%),que entre as escolas públicas (33,1%). A participação de egressos de escolas de outros Estados no Exame indica que estão interessados em atuar em São Paulo.

“Esse resultado demonstra que a situação do ensino médico pode estar pior que aquela encontrada nas escolas paulistas”, alertou Luna Filho.

 


Maioria das escolas não atinge 60% de aproveitamento na prova

 

Das 30 escolas médicas paulistas com recém-formados que realizaram a prova, 20 não conseguiram atingir 60% de aproveitamento (ponto de corte). Entre as escolas com menor aproveitamento, 15 não atingiram rendimento de 45% e nove não conseguiram alcançar 25% de aproveitamento.

As dez escolas com menor índice de aprovação são privadas. Os cinco cursos com maior aprovação são públicos, sendo que a melhor escola obteve 87,3% de aprovação. O curso com pior desempenho é privado, com 13,3% de aprovação. A escola pública com pior atuação teve 26,9% de aprovação; e a melhor escola privada atingiu 70,2% de aprovação.

Justamente nas áreas da Medicina em que mais se espera um desempenho minimamente satisfatório, há problemas graves: clínica médica, cirúrgica e pediatria tiveram patamar abaixo da média.

“Quando se analisam as áreas basilares da prática médica, se observa que o desempenho é consistentemente inferior ao mínimo desejado. Para um indivíduo que se torna médico, é fundamental que saiba clínica médica, que é por onde ele começa a exercer a profissão”, disse Luna Filho.

Na avaliação do coordenador do Exame, toda vez que um indivíduo despreparado entra para atender no sistema de saúde, propicia o mau uso dos recursos públicos, além de representar um risco para os pacientes assistidos. “Estamos tentando mudar esse cenário. Temos trabalhado com todas as escolas por meio de uma Câmara Temática para discutir a formação e a maneira como o Conselho pode interferir para mudar essa situação”, afirmou.

 


Sistema de avaliação das escolas é ineficiente

 

O problema mais difícil a ser enfrentado em relação aos cursos de Medicina é a política de educação médica que tem sido adotada. Para Bráulio Luna Filho, presidente e coordenador do Exame do Cremesp, o governo tem autorizado a abertura de escolas que não têm condições de formar médicos, seja por falta de corpo docente capacitado, laboratório ou hospital-escola, contribuindo para que os alunos não obtenham uma boa formação. 

Além disso, ele observa que o sistema de avaliação das escolas brasileiras é outro aspecto importante a ser repensado. Quase todas as escolas têm aprovação do Enade, e esse resultado da prova mostra co­mo é inadequada a forma como o governo vem avaliando os alunos. Segundo ele, soma-se a isso a falta de um sistema científico de avaliação nas escolas. “Essa é a nossa luta. Felizmente, a maioria das escolas tem apoiado o Conselho e ajudado a levar essa agenda para dentro do ambiente acadêmico”, diz.

A plenária do Cremesp discute, atualmente, o monitoramento dos recém-formados que não conseguiram desempenho mínimo na prova, por meio do acompanhamento de frequência em cursos de atualização, entre outros. “Co­mo não conseguimos colocar uma ferramenta obrigatória que impeça o aluno com mau desempenho de exercer a profissão, vamos tentar monitorar seu desempenho periodicamente”, revela Luna.

 

Quadro 1 - Comparativo de participantes (recém-formados em escolas médicas do Estado de São Paulo) aprovados e reprovados
nos Exames de 2012, 2013 e 2014

 

Quadro 2 - Participantes aprovados e reprovados no Exame do Cremesp 2014

segundo natureza das escolas médicas paulistas

Natureza das escolas Participantes Aprovados Aprovação Reprovados Reprovação
Públicas 915 613 67,0% 302 33,0%
Privadas 1.976 689 34,9% 1.287 65,1%
Total 2.891 1.302 45,0% 1.589 55,0%

 

Quadro 3 - Médias em percentual de acertos, por área de conteúdo, de participantes no Exame do Cremesp 2014,

formados em escolas médicas do Estado de São Paulo

 


Participantes erram respostas para situações comuns

 

A edição de 2014 contou com 120 questões objetivas de múltipla escolha, abran­gendo problemas comuns da prática médica em nove áreas básicas: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Saúde Mental, Epidemiologia, Ciências Básicas e Bioética.

O índice de facilidade da prova foi avaliado, pelos critérios da Fundação Carlos Chagas, como “fácil” para 33% das questões, 4,6% como “muito fácil” e “médio” para 32,4% delas. As demais questões (29,6% do total da prova) foram consideradas difíceis. Ape­sar disso, as dificuldades dos participantes em várias questões revelam a falta de conhecimento na solução de eventos frequentes no cotidiano da prática médica.

Muitos daqueles que participaram do Exame do Cremesp de 2014 desconhecem diagnóstico ou tratamento adequado de casos básicos e problemas de saúde frequentes, co­mo: atendimento inicial de vítima de acidente automobilístico; atendimento de vítima de ferimento por arma branca; pneumonia; pancreatite aguda; pedra na vesícula. A seguir, alguns exemplos de questões cujos índices de erro chamaram a atenção:

 

67% não souberam:

- Avaliar o risco operatório e qual exame/procedimento deve ser feito antes da cirurgia, em senhora de 46 anos com colelitíase (pedra na vesícula), sintomática, diabética, hipertensiva, com histórico de angina a esforços moderados.

O correto é utilizar o índice de Goldman ou Detsky modificado, para risco operatório; e realizar o cateterismo cardíaco antes da cirurgia.

 

- Erraram diagnóstico em lactente de 6 semanas, apresentando história de tosse leve a moderada há 10 dias, sem febre e levemente taquipneico (respiração acelerada e superficial).

O diagnóstico correto é de pneumonia por Chlamydia.

 

- O mecanismo de ação da lidocaína, droga usada no tratamento de arritmia cardíaca e como anestésico local.

A ação da lidocaína é bloquear os canais de sódio.

 

66% erraram:

- A melhor conduta para paciente obeso mórbido, 35 anos, que se encontra no oitavo dia de pós-operatório de gastroplastia redutora com by­pas­s gástrico. A cavidade foi drenada e o paciente refere dor no abdome e no ombro esquerdo e apresenta frequências cardíaca e respiratória aumentadas.

O procedimento adequado é a exploração cirúrgica imediata.

 

Veja o resultado completo do Exame do Cremesp.

 

 

 

 

 


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