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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Mauro Aranha - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Arthur Pinto Filho


MANIFESTO (pág. 4 e 5)
Documento do Cremesp foi apresentado em coletiva de imprensa


PORQUE É RUIM PARA O CONSUMIDOR? (pág. 6)
Procon-SP, Idec e Proteste contestam


SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 7 e 8)
Planos de baixa cobertura trazem riscos e prejuízos


CRONOLOGIA (pág. 9)
A proposta do governo federal tende a reeditar os planos antigos


CARREIRA (pág. 10)
A redução do funcionalismo público na Medicina têm realizado transformações no mercado


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
O presidente do Cremesp, Mauro Aranha, sugeriu a inclusão de atividades esportivas no programa Redenção


EU, MÉDICO (pág. 12)
Vicente Neto tem uma carreira que se confunde com parte da história da Infectologia no Brasil


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Valores humanos, mercado de trabalho, desafios e perspectivas para a Medicina do futuro


EDITAIS (pág. 14)
Convocações


BIOÉTICA (Pág. 15)
Apesar de faltar transparência ao processo, sabe-se que a fórmula para praticar preços mais baixos diminui a cobertura


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Edição 346 - 04/2017

EU, MÉDICO (pág. 12)

Vicente Neto tem uma carreira que se confunde com parte da história da Infectologia no Brasil


Infectologista é pioneiro no surgimento da especialidade no País

Com uma carreira que se confunde com parte da história da Infectologia no Brasil, Vicente Amato Neto participou de diversos momentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Saúde Pública, notadamente quando do surgimento da Aids. Quando passou no vestibular para Medicina – mesmo oriundo de colégio público e não tendo feito cursinho preparatório – ele não tinha ideia de que seria um dos precursores da criação de uma importante especialidade médica no País: a Infectologia.

Tudo começou por volta de 1946, quando ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Amato conta que dois acontecimentos foram decisivos para que se tornasse um pioneiro na Infectologia. Apenas alguns médicos clínicos conheciam um pouco mais de moléstias infecciosas e parasitárias. Porém, um professor catedrático mostrou disposição em enveredar por esse caminho de pesquisa mais profundamente. “Pude ingressar na área e nesse mesmo ano, por sorte, foi implantada a Residência Médica (RM) no Brasil”, relata.

Ele pôde então trabalhar como médico residente no Hospital das Clínicas (HC). “Para minha grande felicidade, o HC foi o escolhido para iniciar o programa no País, com 29 residentes, e eu estava entre eles”, orgulha-se.

Mas trabalhar exaustivamente por sua especialização – o que incluía atuação no ambulatório sistematicamente, plantão de 24 horas no pronto­socorro e pesquisa médica aplicada – tanto na faculdade como em outras instituições – rendeu-lhe bons resultados. Logo veio o reconhecimento e passou a atuar como médico­assistente no Hospital das Clínicas. “Pude reconhecer 12 casos de febre maculosa brasileira, doença exantemática desconhecida pela maioria dos médicos da época”, recorda.

 

Carreira acadêmica

Quando ingressou na livre-docência, em 1958, já tinha 56 trabalhos originais divulgados. E ao assumir a cátedra na FMUSP, em 1976, como um dos mais jovens livre-docentes aprovados, somavam-se 470 artigos publicados.

Ao longo dos anos, desenvolveu uma carreira acadêmica que viria a ser bastante produtiva, como professor titular do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias. “Sempre prezei a conduta regida por três recomendações: ensinar os fundamentos e aprimorá-los; desenvolver investigações a fim de obter novos conhecimentos; e ter sensibilidade para as aspirações das comunidades”, ensina.

Muito prestigiado no meio científico, tornou-se professor emérito, com larga experiência na área de Parasitologia Médica, atuando principalmente com pesquisas relacionadas à Doença de Chagas, toxoplasmose, enteroparasitoses, transfusão de sangue, Aids e imunizações.

Publicou 13 livros médico-didáticos, mais de 600 artigos em periódicos nacionais e internacionais e assumiu cargos estratégicos, como o de superintendente do HC da FMUSP, em 1987, e diretor do Serviço de Doenças Transmissíveis do Hospital do Servidor Público Estadual.

 

Saúde pública

Amato lembra que, quando começou a trabalhar como médico­assistente, os hospitais se dedicavam apenas ao isolamento para tratar as doenças. Ele conta que, naquela época, existiam pouquíssimas vacinas para as muitas moléstias – entre elas, meningite bacteriana, difteria, coqueluche, tétano e esquistossomose mansônica –, mas apenas alguns clínicos conheciam um pouco mais sobre o assunto. “Quando fiz parte das comissões do Ministério da Saúde, em 1973, existiam apenas cinco vacinas, atualmente são 14”, observa.

Ele, que acompanhou de perto o nascimento do SUS – por ocasião da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986 –, tem motivos para se sentir decepcionado. “O que acontece na saúde pública? Temos poucas vacinas, é preciso importar para imunizarmos a população contra a febre amarela, é um absurdo”, contesta.

Para Amato, o ponto alto da 8ª Conferência foi a aprovação do SUS. “O encontro foi absolutamente necessário porque promoveu uma diretriz dentro daquela situação confusa que existia”, afirma. Mas, depois, veio o desencanto. “O SUS não é como foi idealizado naquele evento. Seria a base do nosso progresso na assistência, mas não aconteceu como previsto”, lamenta. Ele acredita que o SUS deixou de ser prestigiado. “Minha tristeza é que aquilo não foi levado a sério integralmente; o SUS não é liderança no trabalho médico assistencial”, lamenta.

 

Aids

E assim como foi um dos precursores da Infectologia, no combate à Aids, Amato também foi pioneiro. Ele e alguns colegas desvendaram o primeiro caso da doença adquirida no País, em 1982, fato que o levou a presidir a Comissão de Aids da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) e a Secretaria da primeira Comissão de Aids do Ministério da Saúde (MS).

Amato aposentou-se em 1997, mas seguiu trabalhando sem remuneração, ministrando aulas, chefiando o Laboratório de Investigação Médica, na área de Parasitologia, e coordenando o curso de pós-graduação da FMUSP. Há três anos, afastou-se da academia e dedica-se exclusivamente ao trabalho clínico. Próximo de completar 90 anos, ainda demonstra disposição para trabalhar, mas faz uma promessa: “vou parar quando perceber que não estou mais atualizado”.

 

Paixão pelo futebol

O entusiasmo pelo futebol acompanha a trajetória de Vicente Amato Neto. Embora desde cedo estivesse sob influência do pai, Arturo Amato, ex-dirigente do Palmeiras, foi na faculdade onde pôde colocar suas habilidades de jogador em prática. Quando a Fundação Rockefeller concluiu as obras do prédio da FMUSP, em 1932, entregou também uma praça de esportes – com campo de futebol, pista, ginásio coberto e piscina revestida por mármore Carrara – que viria a ser sede da Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz. Lá, Amato ensaiou seus primeiros passes no futebol, em 1946. “Fui secretário na primeira gestão e atualmente um time de ex-alunos leva o meu nome”, revela orgulhoso. Aos sábados, ainda vai aos jogos. “Quando eu morrer, quem vai cuidar do meu time? Tenho muito orgulho disso. Muita gente gastaria uma fortuna para ter uma homenagem como esta”, pontua.

 

 


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