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CAPA

EDITORIAL
Editorial de Isac Jorge Filho sobre a crise dos falsos médicos


ENTREVISTA
O convidado desta edição é Júlio Waiselfisz, sociólogo argentino radicado no Brasil


ATIVIDADES DO CONSELHO 1
Destaque p/o Módulo VII - Pediatria, no Programa de Educação Continuada de março


ATIVIDADES DO CONSELHO 2
Programação de eventos especiais comemoram os 50 anos do Cremesp


GERAL 1
Planos de saúde querem redução de coberturas e fim do ressarcimento


MOBILIZAÇÃO
Mais verbas p/SUS é o que pedem os conselhos profissionais


ESPECIAL 1
Análise da Avaliação do Ensino Médico 2005, mostra resultados positivos


ESPECIAL 2
Vem aí novas regras para a propaganda de medicamentos


ATUALIZAÇÃO
Acompanhe textos de Renato Ferreira da Silva e André Scatigno Neto


AGENDA
Cremesp tem participação ativa nos eventos pertinentes à classe


TOME NOTA 1
Texto produzido pelo Centro de Bioética aborda a Licença Maternidade


TOME NOTA 2
Portaria deve agilizar processos adminsitrativos disciplinares


HOMENAGEM
Oswaldo Paulino, médico do Trabalho, recebe homenagens do JC


GALERIA DE FOTOS



Edição 222 - 02/2006

ESPECIAL 1

Análise da Avaliação do Ensino Médico 2005, mostra resultados positivos


Avaliação do ensino médico em 2005 teve saldo positivo, avalia Cremesp



Exame pioneiro do Conselho mobilizou a opinião pública, contou com a participação dos estudantes do sexto ano e promoveu o debate sobre a qualidade da formação médica no Estado de São Paulo

A iniciativa inédita de avaliação dos estudantes de sexto ano e recém-formados em Medicina do Estado de São Paulo, promovida pelo Cremesp em 2005, foi muito bem sucedida, avalia a entidade. Para o presidente do Cremesp, Isac Jorge Filho, “além de mobilizar a sociedade e a opinião pública em torno da adequada formação do médico, os resultados demonstraram que o tema precisa ser discutido com mais profundidade entre as escolas médicas, alunos, docentes, entidades médicas e instituições ligadas à saúde e à educação”. Outra conclusão, ressalta Isac, é que deve haver continuidade do projeto, com a realização de exames anuais, o que possibilitará a futura análise comparativa de uma série histórica.

O exame ocorreu em duas etapas, organizadas pela Fundação Carlos Chagas, entidade com larga experiência em concursos públicos. As faculdades de Medicina foram convidadas a acompanhar de perto as provas, com o envio de observadores.

A primeira etapa, realizada em São Paulo e Ribeirão Preto no dia 9 de outubro de 2005, contou com 998 participantes, estudantes de sexto ano e recém-formados. As escolas de Medicina do Estado, em atividade, têm, juntas, 2.197 estudantes no sexto ano. A prova inicial foi cognitiva, com 120 questões nas áreas de Pediatria, Ortopedia, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Saúde Pública, Saúde Mental, Bioética e Ciências Básicas.

Dentre os 998 presentes na primeira etapa, foram considerados aptos para a segunda 685 participantes (68, 63%).

No dia 21 de dezembro, em São Paulo, a segunda etapa da avaliação contou com a presença de 286 participantes, número considerado satisfatório, considerando a data próxima ao final do ano, período que também coincidiu com processos de seleção para a Residência Médica em alguns hospitais do Estado.

A segunda prova simulou, por meio de computador, situações clínicas e problemas práticos, englobando 30 questões nas áreas de Pediatria, Clínica Médica, Cirurgia, Saúde Mental, Ginecologia, Obstetrícia e Bioética.

Os conselheiros Bráulio Luna Filho, coordenador do exame  e Reinaldo Ayer, também da comissão organizadora, agradeceram pessoalmente, nos locais das provas, àqueles que voluntariamente participaram da primeira e da segunda etapas.

A seguir, a relação do número de egressos por faculdade, a presença na primeira fase e o número de participantes aptos para prestar a segunda prova.

Faculdades de Medicina  -  Alunos  6° ano  -  Presentes 1ª fase  -  Média 1ª fase  -  Aptos  2ª fase

Centro Universitário Barão de Mauá  -  54  -  28  -  62,61 -  5
Centro Universitário Lusíada  -  117  - 40  -  76,35  -  32
Fac. de Ciências Médicas da Sta. Casa  -  91  -  77  -  73,88  - 49
Fac. de Ciências Médicas da Unicamp  -  114  -  84  -  80,88  -  73
Fac. de Medicina da Puccamp  -  80  -  65  -  74,26  -  41
Fac. de Medicina da USP  -  160  -  75  -  83,65  -  71
Fac. de Medicina de Botucatu/Unesp  -  92  -  10  -  80,20  -  7
Fac. de Medicina de Catanduva  -  65  -  28  -  69,00  -  9
Fac. de Medicina de Jundiaí  -  66  -  26  -  73,85  -  17
Fac. de Medicina de Marília   - 80 (alunos 6º ano)  -   79,00 (média 1ª fase) 
Fac. de Medicina de Rib. Preto/USP  -  109  - 104  - 78,56  -  82
Fac. de Medicina de São J. do Rio Preto  -  62  -  31  -  76,97  -  25
Fac. de Medicina do ABC  -  108  -  80  -  74,53  -  52
Fac. de Medicina Santo Amaro-Unisa  -  75  -  53  -  73,89  -  32
PUC SP – Fac. de Medicina de Sorocaba  -  95  - 26  -  71,50  -  15
Unifesp/Escola Paulista de Medicina  -  115  -  92  -  81,08  -  84
Univ. de Ribeirão Preto – Unaerp  -   122  -  22  -  70,23  -  12
Universidade Metropolitana de Santos  -  85  -  21  - 70,43  -  8
Universidade de Marília – Unimar  -   134  - 11  -  64,36  -  3
Universidade de Mogi das Cruzes  -   60  -  42  -  73,12  -  24
Universidade de Taubaté  -  86  - 140  - 71  -  71,90  - 39

Total  -  2.197  -   998  -   75,68  -  685

Resultados satisfatórios

A média de acertos na primeira fase foi de 75,68% da prova. A nota mínima foi o acerto de 45 questões e a nota máxima foi o acerto de 102 questões (entre as 120). No conjunto dos alunos de sexto ano e recém-formados avaliados, esta média revela resultado satisfatório.
A preocupação do Cremesp com a qualidade da prova levou à distribuição de questões de acordo com as áreas mais importantes do conhecimento médico. Segundo o desempenho nas áreas de conteúdo, o resultado da primeira fase revelou o seguinte:

Áreas de Conteúdo Médias de acertos

Medicina Preventiva/Saúde Pública: 40,56% 
Clínica Médica: 55,25% 
Obstetrícia: 59,33% 
Bioética: 62,83% 
Ginecologia: 65,19% 
Clínica Cirúrgica: 67,54% 
Saúde Mental: 68,37% 
Ciências Básicas: 68,72% 
Pediatria: 73,95% 

Segunda fase
Com relação à segunda fase, os participantes tiveram média de 7,6%, superior ao mínimo de 6, média considerada satisfatória pelos organizadores do exame. O maior percentual de acertos na segunda fase foi 9,5% e o menor resultado foi 5,67%.
Em relação ao nível de dificuldade da prova da segunda etapa, 6,9% consideraram fácil; 60,8% acharam que o grau de dificuldade foi mediano e 30% acharam a prova difícil.

Na avaliação do conjunto de resultados da primeira e segunda fases foram observadas limitações dos participantes principalmente nas áreas de saúde pública e medicina preventiva. Por exemplo, apenas 17% acertaram a questão referente ao adequado preenchimento do atestado de óbito. Participantes de várias escolas também não conseguiram acertar questões de obstetrícia relacionadas ao atendimento ao parto. Segundo o coordenador do exame, Braúlio Luna Filho, “ é preocupante o que identificamos em relação aos conhecimentos sobre diagnósticos e condutas em emergência, a exemplo de infarto e traumas. Nas duas fases a média de acertos foi inferior a 40%. E são principalmente os médicos recém-formados que ocupam as portas de entrada de urgência e emergência na rede de saúde”. A avaliação do resultado nas várias áreas do conhecimento médico, permitirá ao Cremesp apontar a cada escola as deficiências identificadas.

Os resultados do exame, tanto na primeira como na segunda etapa, não permitem concluir sobre a qualidade do curso médico oferecido por algumas escolas. Apesar da grande adesão ao exame, a distribuição dos estudantes não foi homogênea entre as diversas faculdades de Medicina. Várias escolas estiveram representadas na avaliação por um número expressivo de formandos. Mas para as escolas que tiveram baixa participação, o Cremesp não pode inferir genericamente os resultados. Daí a necessidade da continuidade da avaliação anual, pois somente após a consolidação de uma série histórica de exames nos próximos anos será possível uma avaliação mais detalhada e comparativa entre as escolas.

Denúncias têm relação com ensino

A decisão de avaliar o ensino médico também foi baseada no fato de o Cremesp ter observado nos últimos anos um crescimento do número de denúncias relacionadas com à má prática da Medicina. De 1995 a 2004 o número de denúncias contra médicos recebido pelo Cremesp aumentou em 130%, sendo que 15.000 profissionais foram denunciados neste período. O número de médicos em atividade, no entanto, não seguiu esta proporção, registrando aumento de 40% em dez anos.

Neste mesmo período de dez anos foram abertos mais de 4.000 processos ético-disciplinares. Em média, de cada 100 médicos reclamados, cerca de 30 passam a responder processos disciplinares, 20 são considerados culpados e 10 recebem uma pena pública. “O aumento do número de médicos em atividade, a maior demanda por assistência à saúde, a maior conscientização da população quanto aos seus direitos de cidadania e a constante melhoria da prestação de serviços por parte do Cremesp explicam, em parte, o aumento do número de denúncias. No entanto, chama a atenção o número expressivo de médicos inexperientes, com pouco tempo de atuação profissional, na relação dos denunciados”, afirma o presidente do Cremesp, Isac Jorge Filho.

Os motivos das denúncias contra médicos, tanto junto ao Cremesp quanto na Justiça comum, têm sido objeto de estudos do Centro de Dados do Cremesp. Um dos levantamentos preliminares mostrou relação direta entre o número de denúncias, a escola de origem e a classificação do curso de Medicina na avaliação do MEC. Segundo Reinaldo Ayer, conselheiro do Cremesp, um fato positivo “é que o fenômeno da proliferação de escolas médicas, sem qualidade de formação, vem sendo discutido amplamente não só no âmbito acadêmico e das entidades médicas, mas com  participação, inclusive, de pais de estudantes e educadores. Só com essa mobilização ampliada iremos avançar”.

Residência deve ser fortalecida

Na avaliação de Reinaldo Ayer, “uma boa escola médica precisa ter um projeto pedagógico, fundado na formação integral e adequada do estudante por meio de uma articulação entre o ensino, a pesquisa e a assistência. Para cumprir essa tarefa, a escola deve contar com considerável número de professores habilitados no ensino e na prática da medicina. Além disso, não é possível formar bons médicos sem a estruturação de laboratórios, bibliotecas e, sobretudo, campos de estágios para a prática médica”. O Cremesp fiscalizou em 2005 os serviços de saúde nos quais os estudantes de Medicina realizam estágio. A metade deles não funciona em condições adequadas para o ensino.

Ayer lembra que na fase de graduação e em decorrência do acúmulo de conhecimentos, o estudante encontra dificuldades. O curso médico exige dedicação integral, com orientação de professores competentes e éticos e, por isso, um tempo mínimo de seis anos. O Cremesp, acrescenta o presidente da entidade, Isac Jorge Filho, defende a avaliação externa, mas continuará incentivando os processos de avaliação ao longo do curso. “As escolas médicas só devem fornecer diploma aos estudantes que tiverem habilidades e atitudes estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares do MEC, que são os princípios orientadores para a formação médica no Brasil”, diz.

O Cremesp defende, ainda, que a Residência Médica está consagrada como a melhor forma de inserção dos médicos na vida profissional. “Iremos estimular cada vez mais a ampliação e a qualificação da Residência que hoje passa por problemas de avaliação, acesso e financiamento”, afirma Isac. Para Bráulio Luna Filho, coordenador do Exame, a divergência de opiniões que surgiu durante o processo de avaliação é natural, diante da medida inovadora do Cremesp. “Mas todos concordam que alguma atitude precisava ser tomada, no sentido de apontar a qualidade dos médicos recém formados. O papel de avaliador externo do ensino, agora assumido pelo Cremesp, é um compromisso moral e ético com o exercício da profissão e com a saúde da população”.

Isac Jorge ressalta que ao fim do processo o Cremesp esclareceu publicamente que não “reprovou”, nem estabeleceu ranking de escolas. O exame teve caráter voluntário, e não há similaridade com o “Exame de Ordem” da OAB, pois nunca houve qualquer proposta de relacionar os resultados com a obtenção do registro de médico no Cremesp.

Perfil dos participantes

Durante a realização da segunda etapa os participantes responderam a um questionário, que permitiu traçar o perfil dos estudantes de sexto ano e recém-formados que aderiram ao exame do Cremesp. Divididos de forma homogênea entre homens e mulheres, os participantes são jovens (47,5% com menos de 24 anos e 48,6% com menos de 29 anos); solteiros (95%); brancos (80%); moram com os pais (72,5%); têm renda familiar elevada (33,5% acima de 30 salários mínimos e 26% de 21 a 30 salários mínimos); o pai tem curso superior (82%); cursaram o ensino médio em escola particular (86,7%) e falam inglês (80%).

O Cremesp também quis saber, por meio do questionário, qual a avaliação dos estudantes sobre aspectos do ensino que receberam na Faculdade. Os principais resultados foram os seguintes:

- Quanto à dedicação ao estudo da Medicina, 31% afirmaram dedicar mais de oito horas diárias; 55% estão envolvidos com pesquisas supervisionadas por professores.
- Em relação ao currículo do curso de Medicina, 61% consideram que ele é relativamente integrado, pois as disciplinas se vinculam apenas por blocos ou áreas de conhecimentos afins; 24% acham que há uma clara relação entre as disciplinas; e 10% que há pouca integração.
- A maioria dos professores utiliza, predominantemente, a técnica de aulas expositivas, disseram 41% dos que responderam ao questionário; 47,5% disseram que predominam aulas expositivas com participação dos estudantes; e apenas 5,94% que predominam as aulas práticas.
- Os procedimentos de ensino foram avaliados como adequados por 52,4% e parcialmente adequados por 34,2%. A maior parte dos professores, segundo 66% dos alunos, demonstra domínio atualizado das disciplinas.
- O questionário também avaliou a participação dos estudantes em eventos de caráter científico: 39% disseram que a faculdade apóia, com dispensa de presença às aulas para quem participa.
- A principal contribuição do curso de Medicina é a aquisição de formação profissional, disseram 88% dos estudantes e recém-formados, enquanto 3,8% afirmaram que o principal é a obtenção do diploma.
- De 30 a 49% do ciclo básico do curso de Medicina foram destinados a atividades práticas, segundo 54% dos que responderam o questionário; 11% disseram que menos de 10% do ciclo básico contou com aulas práticas. Já no ciclo profissional do curso, mais de 70% das atividades foram práticas, de acordo com 58,7% dos que responderam; 12,9% afirmaram que as aulas práticas não chegaram a 50% do ciclo profissional.
- Mais de 70% das atividades clínicas e cirúrgicas do ciclo profissional foram desenvolvidas dentro de ambiente hospitalar, com pacientes, de acordo com 66,7% dos estudantes de sexto ano. Cerca de 30% afirmaram que menos de 70% dessas atividades ocorreram em hospital.
- A perspectiva de 58% dos estudantes de sexto ano é realizar a Residência Médica na própria escola em que concluíram o curso, mas 36% pretendem cursar a Residência em outra escola.
- Apenas 12% concordam com um exame de qualificação como condição para o exercício profissional.
- Para preservar a imagem do médico e a saúde da população, 43% dos que responderam a pesquisa sugerem o fechamento de escolas médicas sem condições adequadas de formação; e 24,4% defendem que o governo proíba a abertura de novas escolas.
- Quanto à decisão do CFM e da AMB, de revalidação do título de especialista a cada cinco anos, 81,4% concordam com esta iniciativa.


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