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Convidados escrevem sobre promoção da saúde e aquecimento global


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Edição 183 - 11/2002

ARTIGOS

Convidados escrevem sobre promoção da saúde e aquecimento global


“Promover saúde é promover a vida”

Márcia Westphal e Marco Akerman*

A promoção da saúde vai além do conceito e da prática de prevenir doenças. Esta é uma das principais conclusões obtidas pelos participantes da III Conferência Regional Latino-Americana de Promoção da Saúde e Educação para a Saúde realizada no Memorial da América Latina, em São Paulo, na primeira quinzena de novembro.

Esta Conferência, realizada pela União Internacional de Promoção da Saúde e Educação para a Saúde, Faculdade de Saúde Pública da USP, Organização Pan-Americana da Saúde e Ministério da Saúde, contou com a participação de 1.500 pessoas de vários países das Américas que debateram criticamente a promoção da saúde e a educação para a saúde na América Latina, concluindo que muitas das suas práticas ainda são fragmentadas e não comprometidas com o enfrentamento radical das causas dos problemas de saúde.

O programa científico estimulou o debate e a problematização do campo possibilitando ampla participação de todos os congressistas e não só dos apresentadores. Neste rico intercâmbio de idéias, apontou-se que a promoção da saúde extrapola os limites do setor saúde e da profissão médica se colocando como um campo transetorial e transdisciplinar.

Nesta arena de inter-relação de ações e saberes há que se identificar, de forma participativa, as necessidades sociais e de saúde mais prementes e os caminhos para que se formulem políticas públicas saudáveis. Se, tradicionalmente, a prática da prevenção de doenças se debruça sobre riscos e exposição de indivíduos, promover saúde é fortalecer potenciais e desenvolver capacidades de organizações e de sujeitos sociais.

Os eixos temáticos compreendidos pelos 600 trabalhos apresentados – escolas promotoras de saúde, empresas saudáveis, municípios e comunidades saudáveis, programas e projetos multisetoriais e multidisciplinares, atividade física, alimentação saudável, educação para a cidadania, participação social, comunicação e saúde, atenção básica e promoção da saúde – dão uma demonstração das estratégias e instrumentos de que dispõe o campo da promoção da saúde, demonstrando que além de representar uma discussão paradigmática na saúde é também um campo de práticas concretas para serem aplicadas no contexto latino-americano.

Promover saúde é promover a vida. É compartilhar possibilidades para que todos possam viver seus potenciais de forma plena. É perceber a interdependência entre indivíduos, organizações e grupos populacionais e os conflitos decorrentes desta interação. É reconhecer que a cooperação, solidariedade e transparência, como práticas sociais correntes entre sujeitos, precisam ser, urgentemente, resgatadas. É compreender que promoção da saúde não é, apenas, um conjunto de procedimentos que informam e capacitam indivíduos e organizações ou que buscam controlar determinantes das condições de saúde de grupos populacionais específicos. Promover a saúde é uma imposição das circunstâncias atuais que apontam para a necessidade imperiosa de novos caminhos éticos para a sociedade.

Os participantes da Conferência imbuídos destes propósitos e de compromisso público elaboraram a “Carta de São Paulo” que deve servir para fortalecer a aliança dos países latino-americanos e explicitar os princípios da promoção da saúde no continente. A assembléia de encerramento da Conferência decidiu, também, encaminhar a Carta para a Comissão de Transição dos próximos governos federal e estadual.

* Márcia Westphal é socióloga, professora titular do Departamento de Práticas da Faculdade de Saúde Pública da USP e presidente do Cepedoc.
* Marco Akerman é médico, professor titular de Saúde Coletiva da FMABC e diretor de Pesquisa do Centro de Estudos de Pesquisa e Documentação em Cidades Saudáveis (Cepedoc) da USP.


Aquecimento global e recrudescimento das doenças infecciosas: realidade ou fantasia?

Luiz Jacintho da Silva*

A relação entre clima e doença é tema de discussão em medicina desde Hipócrates. As posições e opiniões, desde então, variaram mais do que o próprio clima.

As oscilações climáticas da Terra são fato. As temperaturas médias do planeta vêm apresentando uma tendência de crescimento razoavelmente constante nos últimos 250 a 300 anos. Apesar dessa tendência, ciclos de decréscimo ocorrem, sendo o último na década de 1940 à de 1980. Desde então, a tendência sofreu uma inversão, o planeta vive um período de aquecimento. As conse-qüências- desse aquecimento têm sido amplamente discutidas, assim como suas possíveis causas: não se trataria apenas de um ciclo natural, mas o resultado do aumento da emissão de dióxido de carbono (CO2), determinado pela crescente queima de combustíveis fósseis.

Dentre as conseqüências do aquecimento global estaria o recrudescimento de determinadas doenças infecciosas, particularmente as transmitidas por vetor. Malária, dengue, doença de Lyme e febre do Nilo Ocidental são exemplos de problemas atuais de saúde pública, tanto de países “tropicais” em desenvolvimento – malária e dengue – como de países industrializados e de clima temperado – doença de Lyme e febre do Nilo Ocidental – esta última uma doença “tropical” (foi descrita inicialmente em Uganda) que ocorre nos EUA e Canadá.

Nos países de clima temperado, uma elevação discreta das temperaturas médias pode determinar invernos brandos, primaveras chuvosas e temperaturas amenas por períodos mais prolongados, o suficiente para permitir que vetores e hospedeiros silvestres encontrem condições de vida mais favoráveis. Teríamos aí uma expansão das áreas de transmissão dessas doenças.

Estudos referentes ao fenômeno El Niño sugerem que determinadas doenças apresentam um incremento da sua incidência ao final de um ciclo, como a hantavirose no sudoeste dos EUA que apresentou um surto após um período de invernos brandos e primaveras chuvosas, levando a um crescimento populacional dos roedores silvestres. A malária no Quênia e na Venezuela parece também ser intensificada pelo fenômeno.

Há o reverso da moeda. Uma análise histórica da malária na Inglaterra mostra que ela ocorreu durante o período conhecido como a “pequena idade do gelo”, entre meados do século 16 e meados do século 18, desaparecendo quando se iniciava um ciclo de aquecimento.

A determinação da ocorrência e distribuição das doenças infecciosas é complexa. Não existem determinantes únicos e isolados. Essas doenças são resultantes do contexto de um determinado momento histórico, deve-se buscar as suas causas na interação de inúmeros fatores. Clima é um deles, sem dúvida importante, mas apenas mais um, cujo peso relativo pode ser suplantado por outros igualmente importantes, como a desigualdade social ou a degradação urbana, por exemplo.

O aquecimento global não parece ser fator necessário e muito menos suficiente para determinar o recrudescimento de determinadas doenças infecciosas, salvo, porém, se nada for feito para o seu controle.

* Luiz Jacintho da Silva é superintendente de Controle de Endemias (Sucen) da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo e professor titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

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