Diretores clínicos se reúnem no Cremesp

Na mesa, os conselheiros Uemura, Azevedo e Pereira

No 4º Encontro Estadual relatores apresentaram reivindicações e deliberações regionais

Representantes de diretores clínicos das 33 Delegacias Regionais do Cremesp estiveram reunidos no dia 4 de abril, na sede do Conselho – na etapa final do 4º Encontro Estadual de Diretores Clínicos do Estado de São Paulo. O evento contou com a participação do presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves, do diretor primeiro-secretário, Renato Azevedo Júnior, do diretor segundo-secretário, Antonio Pereira Filho, do conselheiro e coordenador das delegacias regionais do Interior, Kazuo Uemura, e de delegados do Interior e da Capital.

Os diretores clínicos relatores foram eleitos em suas respectivas Regionais do Conselho para apresentar as reivindicações e deliberações das reuniões preparatórias realizadas em 29 de março, em cada uma das Delegacias.

Remuneração
Dentre as diversas questões apresentadas por eles, a que mais atinge os diretores clínicos de hospitais do Interior é o fato de o cargo não ter remuneração. Por esse motivo, inúmeros municípios estão ficando sem o apoio de um diretor clínico, pois ninguém quer assumir tanta responsabilidade sem receber por isso. 

De acordo com Renato Azevedo, essa situação é preocupante porque “o diretor exerce o papel fundamental de atuar junto ao corpo clínico por melhorias nas condições do trabalho médico nos hospitais”. Na opinião de Pereira, entretanto, mesmo existindo diretores clínicos que não ganham nada, houve um avanço nessa questão, e tudo por conta da reivindicação da categoria. “A remuneração do diretor clínico está sendo mais executada do que antes”, garantiu o conselheiro.

Além da preocupação com a participação nas comissões e na direção clínica, também foram discutidos os problemas no pronto-atendimento: falta de candidatos para o plantão de emergência; sobrecarga de trabalho; dificuldades com verbas e com o cumprimento das normas do plantão à distância e vaga zero. “Deu para perceber a urgência no sentido de que a Secretaria de Estado da Saúde reveja os seus critérios quanto à vaga zero. Há dificuldades nas referências e contra-referências”, afirmou Pereira. “Mas já percebemos uma melhora no que tange ao plantão de disponibilidade, que está sendo remunerado com mais freqüência”, informou.

Crise financeira
Também foi abordada a crise financeira que atinge as Santas Casas, principalmente nos hospitais que dependem quase que exclusivamente do SUS, exemplo de algumas regiões do Interior. Outro tema de destaque foi o Exame do Cremesp. Os diretores afirmaram que é unânime o desejo de tornar obrigatória a iniciativa.

Ao final do encontro, Henrique Carlos agradeceu a presença maciça dos diretores clínicos e delegados do Cremesp, e afirmou: “Criamos estruturas para ampliar a atuação do Cremesp por meio das Comissões de Ética Médica, que são verdadeiras extensões dos Conselhos e dão competência para os diretores clínicos e delegados do Cremesp implantarem projetos em prol do aprimoramento da atuação do médico”. Ele também ressaltou a importância de um trabalho conjunto: “O Conselho tem quatro competências, a de fiscalizar o exercício profissional; a cartorial; a judicante; e, em especial, a de trabalhar pelo perfeito desempenho ético da medicina e pela dignidade do exercício profissional; mas sem o apoio e mobilização da categoria, essa ação fica limitada, daí a importância dessa reunião com os diretores clínicos do Estado”, concluiu o presidente.

Conselho lança manual para
médicos-legistas

Encontro sobre identificação humana em catástrofes aponta necessidade de coordenação local ou nacional

O Cremesp lançou o Manual Técnico-operacional para Médicos-legistas do Estado de São Paulo, durante o Encontro de Medicina Legal, que debateu a questão da identificação humana em catástrofes na sede da Superintendência de Polícia Técnico-Científica, em São Paulo, no dia 12 de abril. “Lamentavelmente – destacou o presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves – tivemos uma experiência grande em São Paulo, com cadáveres oriundos de grandes catástrofes, e é justo que essa experiência seja transmitida a todos os Estados do Brasil e até ao exterior. Essa é a idéia do evento e do manual”.

Além de Henrique Carlos, o encontro, que contou com cerca de 200 participantes, teve a mesa de abertura composta por: coordenador da Superintendência da Polícia Técnico-Científica, Celso Perioli; diretor do Instituto Médico Legal, Hideaki Kawata; e representantes da presidência das demais entidades médicas e da Polícia Militar.

Para o conselheiro do Cremesp, Reinaldo Ayer de Oliveira, “saímos do encontro com a convicção de que a experiência brasileira na identificação humana não deixa a desejar em relação a outros países, e aponta para a necessidade de uma coordenação local ou nacional sobre o atendimento relacionado a essas catástrofes”, afirmou.

Catástrofes
O palestrante Daniel Munhoz analisou o tema: Proposta de Atendimento em Catástrofes - Experiência Vôo 402, referente à queda do Fokker 100 da TAM, apenas dois minutos após a decolagem, no dia 31 de outubro de 1996.  O acidente do vôo Gol 1907, ocorrido em 29 de setembro de 2006, foi discutido por Malthus Fonseca Galvão, por meio da palestra Experiência no Acidente Vôo 1907 – IML Brasília. Em ambos os casos, todas as vítimas foram identificadas.

Também foram tratados os temas A Ética em Situações de Catástrofes, por Henrique Carlos, e Atentado ao Metrô de Madri, por José Luis Prieto Carrero, que participou da identificação de vítimas do atentado à estação de trem Atocha, em Madri, em 11 de março de 2004.

Mário Tsuchiya ministrou a palestra: A experiência do IML de São Paulo na identificação de vítimas do acidente Vôo 3054, em que examinou o mais recente desastre aéreo brasileiro, ocorrido no dia 17 de julho de 2007, que resultou na morte de 199 pessoas. Dentre essas, 195 foram identificadas.

Manual
O Manual Técnico-Operacional para Médicos-legistas do Estado de São Paulo é um trabalho realizado pela Câmara Técnica de Medicina Legal do Cremesp, coordenada pelo conselheiro Reinaldo Ayer, em parceria com o IML (Instituto Médico Legal) e Amlesp (Associação dos Médicos Legistas do Estado de São Paulo). Foi editado pelos médicos Carlos Alberto Coelho e José Jarjura Jorge Jr.

Escrito por especialistas e convidados, o manual visa suprir a necessidade, sentida pelos médicos-legistas, de contar com uma ferramenta prática e capaz de padronizar os procedimentos técnicos, por exemplo, na produção de laudos e pareceres.

Além de conter informações tais como organogramas, legislação, comentários e até mesmo modelos de fichas para coleta de dados específicos, o manual também esclarece dúvidas sobre procedimentos em casos de ocorrência rara e apresenta a história do IML-SP.
Cada capítulo traz um breve conceito da matéria, um roteiro teórico, o enquadramento legal e a finalidade da perícia, procedimentos de requisições de exame e perícia, preenchimento de formulários, destino da perícia e comentários dos autores.

O manual atende a uma determinação do Cremesp de fornecer publicações a várias áreas da Medicina, para que o exercício da profissão alcance a excelência por meio da ética e da responsabilidade. Ele está disponível, na íntegra, do portal do Cremesp, no Canal Publicações.

No encerramento da cerimônia, ocorreu a posse da diretoria da Associação dos Médicos Legistas do Estado de São Paulo.