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22-08-2016 |
A saúde do médico residente |
Fórum discutiu as questões que afetam a saúde do médico desde sua graduação |
A depressão e a privação do sono são os principais problemas As principais questões que o médico recém-formado enfrenta no início da carreira – e que podem afetar a sua saúde física e mental –, a avaliação da qualidade do ensino médico no País e o futuro da Residência Médica foram alguns dos principais temas debatidos no I Fórum Nacional de Integração de Médico Jovem, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), realizado em Brasília nos dias 10 e 11 de agosto. O Cremesp esteve representado no evento pelo coordenador da Câmara Temática do Médico Jovem, Nívio Lemos Moreira Junior, e pela conselheira Kátia Burle Guimarães. Em sua palestra, Lemos abordou as ações do Cremesp em favor dos médicos jovens, que podem servir de exemplo para outros Estados para ampliar a participação dos recém-formados e aproximá-los do Conselho. Entre as iniciativas do Cremesp, destacou a implantação de procedimentos comuns a médicos com até 40 anos e o desenvolvimento de ações preventivas em questões relativas a sindicâncias. Segundo Kátia, há indícios de que o estresse do médico começa já durante a graduação. Ela apresentou pesquisa realizada com alunos a partir do 5° ano, que apontou que em 63,71% dos casos havia predominância de sintomas psíquicos. O levantamento apresentado pela conselheira também mostrou que 60,1% das alunas tinham estresse, enquanto entre os homens, esse número cai para 41,06%. Depressão e dependência Segundo o professor Luiz Antônio Martins, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 28,9% dos residentes, em seu primeiro ano, apresentam sintomas depressivos. “A depressão e a privação do sono são os mais significativos problemas que afetam os residentes e têm sido considerados, respectivamente, como a principal reação ao treinamento e um dos mais importantes fatores estressantes. A privação do sono poderá levar ao comprometimento do desempenho clinico, maior incidência de erros e aumento do tempo necessário para exercer tarefas”, alertou. Os problemas mais comuns que acometem os médicos, que lidam diariamente com situações de alto nível de exigência física e mental, são a dependência de álcool ou de drogas, as doenças afetivas, distúrbios alimentares, demências e/ou delirium provocados pelo consumo de álcool, e transtornos de personalidade, afirmou o coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Droga da Universidade Federal de São Paulo, Cláudio Jeronimo da Silva. Papel do paciente Segundo ele, além da convivência com situações de estresse, as resistências que os médicos têm em admitir que estejam passando por algum problema em relação à saúde física ou mental fazem com que levem, em média, sete anos e meio para procurar ajuda médica, com o risco de a doença se agravar. “Um em cada 15 médicos apresenta problemas atuais de drogas e álcool. Em geral há uma dificuldade do médico em aceitar o papel de paciente. Observamos que na maioria das vezes os profissionais sentem-se envergonhados em procurar ajuda de um colega”, declarou Silva. Outro dado alarmante discutido durante o fórum diz respeito ao número de suicídios cometidos por médicos, que é cinco vezes maior do que a população geral, de acordo com a literatura médica. E as mulheres médicas possuem um risco ainda maior que os homens. |