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MÉDICO EM FOCO
Michel Jamra, o médico que transformou a Hematologia em disciplina na Universidade


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O bastão de Asclépio, símbolo da Medicina


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Edição 30 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2005

MÉDICO EM FOCO

Michel Jamra, o médico que transformou a Hematologia em disciplina na Universidade

Michel Jamra. Ícone da Hematologia



O médico ampliou o conceito da hematologia, incluindo a hemoterapia como um de seus segmentos. Também influenciou na criação de hemocentros no país, além de fundar o de São Paulo, hoje Fundação Pró-Sangue.



Graduados nós em Medicina, em 1940, em plena guerra mundial, tivemos de inovar e tratar de desenvolver áreas de estudo que ficaram desligadas das suas fontes européias e norte-americanas. Nossa geração muito fez para manter e elevar o padrão dos estudos médicos (...) avançando pelos caminhos da bioquímica, da biofísica, da biologia geral e, mais recentemente, da molecular”. A frase acima foi escrita pelo hematologista Michel Abu Jamra, profissional que teve importante participação no desenvolvimento da Medicina  brasileira. O texto faz parte da introdução do livro “Memorial Profissional”, publicado em 1997 quando seu autor, Michel Jamra, tinha 80 anos. Dois anos depois, em junho de 1999,  o médico faleceu.  

Ele ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1934 e  iniciou os estudos em Hematologia no Departamento de Histologia e Embriologia da faculdade. Antes da conclusão do curso publicou, em 1939, o trabalho “Contribuição para o estudo das células sangüíneas e do quadro histológico-hemopoético da mononucleose infecciosa, febre ganglionar de Pfeiffer-Glanzmann”, em parceria com o seu professor José Oria. Jamra lutou até conseguir transformar a Hematologia em uma disciplina dentro da faculdade. Em 1977 assumiu os cargos de professor titular do Departamento de Clínica Médica e chefe da disciplina de Hematologia e Hemoterapia da FMUSP.

O professor tornou-se um ícone da hematologia no Brasil, ainda hoje homenageado por seus pares, inclusive dá nome a prêmios concedidos a pesquisas na área como o Prêmio Michel Jamra concedido ao melhor trabalho em Hematologia Geral pela SBHH e o Prêmio Jovem Pesquisador Michel Jamra, da Sociedade Brasileira de Investigação Clínica. Os alunos, estagiários e residentes que trabalharam com Jamra foram muitos, espalhados pelo Brasil todo e até em outros países da América Latina.

Dalton de Alencar Fischer Chamone, professor titular da disciplina de Hematologia e Hemoterapia da FMUSP, presidente da Fundação Pró-Sangue e discípulo de Jamra, recorda: “Michel criou o conceito mais abrangente da he-matologia incluindo a hemoterapia como um de seus segmentos. Influenciou na criação de hemocentros no país além de ter fundado o Hemocentro de São Paulo, hoje Fundação Pró-Sangue, vinculada  à Secretaria da Saúde, ao Hospital das Clínicas e à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo”.

Além de médico e professor, foi fundador da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), em 1950, e do Colégio Brasileiro de Hematologia, 1965. Michel Jamra faleceu em junho de 1999.

Michel Jamra  também fundou a Revista Brasileira de Pesquisas Médicas e Biológicas, atualmente denominada Brazilian Journal of Medical and Biological Research, publicada mensalmente pela Associação Brasileira de Divulgação Científica (ABDC).

Memorial
No último memorial escrito pelo hematologista, aos 80 anos de idade, ele destacava entre os feitos relevantes de sua carreira os períodos de 1940 a 1960, quando foi feita a instalação da Seção de Hematologia do Laboratório Central do Hospital das Clínicas; de 1960 a 70, época do nascimento do Serviço de Hematologia e da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal; do desdobramento da Hematologia em disciplina de Hematologia e Hemoterapia e a criação do Hemocentro de São Paulo, em 1982.

Filho do médico e jornalista libanês Said Abu Jamra e da libanesa Afife Abu Jamra, Michel nasceu em 13 de agosto de 1916, na cidade de São Paulo. A viúva do professor, a também médica Lígia Montenegro Ferreira Jamra†, com quem casou-se em 1944, recorda-se de como se conheceram: “entrei num curso em que ele era monitor. O Michel era ainda estudante, formou-se dois anos antes de mim. Durante o curso trabalhei com ele como aluna auxiliar”. O casal teve três filhos: Nina Maria, formada em arquitetura, Gilberto, administrador de empresas, e Iara, atriz; e seis netos.

A leitura era o lazer preferido do médico: “ele lia tudo, de livros científicos a de política e história”. Iara, filha mais nova de Michel, lembra do apreço do pai pelo cinema: “Ele assistia qualquer tipo de filme, mas preferia os contemporâneos” diz a filha.

Nenhum dos filhos de Michel seguiu a Medicina. Iara diz que não tinha aptidão para a área: “teve uma época que até quis ser enfermeira, mas resolvi não seguir esse caminho”. Iara fala do pai com muito orgulho: “se tivesse que escrever uma única frase para falar de meu pai, seria pouco... mas com certeza, aprendi com ele a lidar com as dificuldades da vida com muito humor”.

A Dra. Lígia Montenegro Ferreira Jamra faleceu em fevereiro último, antes do fechamento da versão impressa da Revista Ser Médico.


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