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CAPA

EDITORIAL
Nesta edição, uma reflexão sobre o superaquecimento global e seu impacto na saúde


ENTREVISTA
Acompanhe esta conversa com o escritor-médico Moacyr Scliar, membro da Academia Brasileira de Letras.


CRÔNICA
Tutty Vasques, cronista convidado, nos dá o "prazer" de um texto divertidíssimo...


MEIO AMBIENTE
Polêmico, mas realista, Al Gore alerta para catástrofe ambiental, sem volta


CONJUNTURA
A exploração sexual infantil: os números são assustadores e as seqüelas, piores


DEBATE
A reforma na assistência à saúde mental na mira de 3 especialistas no tema


HISTÓRIA DA MEDICINA
Anorexia: um mergulho na história da humanidade mostra que ela vem de longa data...


HOMENAGEM
Darcy Villela Itiberê: toda uma vida dedicada ao exercício, pleno e ético, da Medicina


EM FOCO
Homens públicos tão diferentes, na realidade tão semelhantes: são médicos!


RAIO X
Se decidir pela Medicina já é difícil, imagine desistir da profissão, depois de graduado...


ACONTECE
Acompanhe uma visita virtual à 27ª Bienal de Artes, sob o tema Como Viver Junto


SINTONIA
SES começou projeto de catalogação do patrimônio cultural de instituições de saúde do Estado


COM A PALAVRA
Confira texto inteligente e bem humorado do cardiologista Rodrigo Penha de Almeida


TURISMO
Impossível resistir a estas imagens... Veja nossas dicas para conhecer, de perto, esse paraíso


LIVRO DE CABECEIRA
Intercorrências da Morte é o destaque desta edição. De Saramago. É preciso mais?!?


POESIA
Encerrando com chave de ouro esta edição, a poesia de Roland Barthes


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Edição 37 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2006

EM FOCO

Homens públicos tão diferentes, na realidade tão semelhantes: são médicos!

Algo em comum



JK, Martins Fontes, São Lucas, Pedro Nava, Noel Rosa,
Tostão e tantos outros, todos aparentemente diferentes
entre si, que será que têm em comum?

Resposta: são médicos. Sim, médicos que se alçaram à vida pública, não pela Medicina, mas por outras atividades.

Juscelino Kubitschek formou-se pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, em 1927. Poucos sabem, foi um grande cirurgião especializado em urologia, um dos introdutores no Brasil da cirurgia uropediátrica, cuja prática requer técnica refinada, além de conhecimentos específicos de pediatria e de neonatologia. Atos cirúrgicos praticados em recém-nascidos, cujas estruturas orgânicas são frágeis e delicadas, exigem grande destreza e responsabilidade. JK foi também professor de medicina, recebeu merecidas homenagens pelo exercício da profissão, foi membro de várias associações médicas, clinicou muitos anos e entrou para a história como político, presidente do Brasil, que erigiu Brasília em três anos e meio.

Pedro Nava, formou-se em Medicina em Belo Horizonte, em 1928, clinicou nessa cidade, em Juiz de Fora, em Monte Aprazível e depois no Rio de Janeiro, prestando concurso para livre docência em clínica médica. Foi aprovado com louvor. Porém, é conhecido como o escritor que redimensionou a linguagem literária, um dos mais completos das letras nacionais. Deixou suas marcas culturais no contexto de seis livros de memórias, mas é no interessante trabalho A Medicina de Os Lusíadas que exibe sua sólida formação médica, identificando na obra do imortal poeta português, em seus dez contos ou poemas, patologias, dados clínicos e epidemiológicos que somente o olho de um especialista poderia enxergar. Nava suicidou-se. Pouco antes de morrer, escrevera: “Não exerço a medicina, mas curiosamente continuo a ser médico, pois como dizia Georges Duamel, um grande escritor francês, também médico, a única profissão que a pessoa não consegue abandonar é a medicina”.

(José) Martins Fontes formou-se na Faculdade Nacional de Medicina, campus  da Praia Vermelha no Rio de Janeiro. Exerceu-a em Santos, sua cidade natal, e teve enorme destaque como poeta, um dos melhores de sua geração lusófona. Autor de inúmeros livros literários, foi assíduo colaborador de periódicos no Brasil e em Portugal. Dividia-se entre a medicina e a poesia, em verdade duas atividades que lhe eram sinérgicas. Certa vez, em 10 de maio de 1923, o Centro de Estudos Oswaldo Cruz, da Casa de Arnaldo, promovera um sarau de arte no Teatro Municipal de São Paulo, em benefício da Liga de Combate à Sífilis, e Martins Fontes foi o convidado de honra. À época, fora saudado pelo orador do Centro, Durval Bellegarde Marcondes, que mostrou que o médico e o artista podem coexistir na pessoa de gênio: “É conceito geral que a ciência é inimiga da prosa. E vós ides demonstrar praticamente que quem vive da ciência também tem alma para saber sonhar. Difícil será encontrar quem seja mais poeta que vós, quem tenha mais do que vós a divina riqueza da inspiração, sem deixar de ser médico”.

Noel Rosa, compositor brasileiro, um dos grandes de todos os tempos, também estudou medicina na Praia Vermelha, mas abandonou o curso para se dedicar ao samba. Franzino, tímido, recatado, com vergonha da marca no rosto (nasceu por fórceps, por isso a lesão no queixo que o acompanhou pelo resto da vida), tudo o que ganhava gastava em noitadas, com mulheres e com bebida, o que acelerou um processo pulmonar crônico, que acabou em tuberculose. Da medicina, sua alma de poeta retirou estrofes para compor a música Coração:

Grande órgão propulsor
Distribuidor do sangue venoso e arterial
Coração
Não és sentimental
Mas entretanto dizem
Que és o cofre da paixão
Coração
Não estás do lado esquerdo
Nem tampouco do direito
Ficas no centro do peito – eis a verdade!
Tu és pro bem-estar do nosso sangue
O que a casa de correção
É para o bem da humanidade

Sua vida boêmia, em verdade, fez com que o Brasil perdesse um médico, mas ganhasse um dos maiores sambistas de todos os tempos.

Eduardo Gonçalves de Andrade, formado em Medicina em Belo Horizonte, é aquele grande craque de futebol, conhecido como Tostão, o Minerinho de ouro, que integrou o mitológico ataque da seleção brasileira que trouxe a taça Jules Rimet, “definitivamente”, para o Brasil (1970). Foi um dos principais jogadores de futebol do mundo e da seleção brasileira, inesquecível para os que o viram jogar. Uma de suas características era a persistência, sem quartéis. Infelizmente, Tostão, em 1972, voltou a sentir problemas oculares, conseqüência de descolamento de retina, que sofrera em 1969 ao levar uma bolada do zagueiro Ditão, do Corinthians. Abandonou o futebol no início de 1974, voltando à medicina, e depois à crônica esportiva, escrevendo para diversos jornais no Brasil.

São Lucas, cujo nome vem de luz, luminosidade, clarividência, é o luzeiro da medicina, porque professou a ars curandi com sabedoria e amor. Seus escritos revelam conhecimentos médicos avançados para a época, com vocabulário discretamente técnico e claro, com diagnóstico diferencial entre doença e possessão demoníaca. Seu mestre, São Paulo, chamava-o de “amado médico”, vendo a luz que emanava de suas ações quando tratava de seus semelhantes. No quadro mais antigo que se conhece de São Lucas, em uma das catacumbas romanas, vê-se sua imagem nimbada pelo halo de santo, e nas mãos, instrumental cirúrgico. É a Santidade e a Medicina ao mesmo tempo. Aí está o motivo de ser o dia 18 de outubro, dia de São Lucas, universalmente conhecido como Dia do Médico.

Talvez esses ilustres gênios tutelares da política, da religião, dos esportes, das letras e das artes não tivessem o mesmo sucesso que tiveram se não fossem médicos. Talvez. Mas, um fato é certo, a medicina entrou na formação dessas pessoas especiais. Tiveram, por base, o ministério da cura, que significa preocupação, responsabilidade, respeito, amor ao próximo, que, de modo específico ou subliminar, é ensinado já nos primeiros dias de aula nas faculdades de medicina, iniciando-se o longo caminho para o exercício da ars curandi, que se concretiza na formatura, com o Juramento de Hipócrates, a rigor um contrato público de procedimentos éticos firmado antes do início do exercício da profissão.

Assim, entende-se que pouco ou muito a medicina influenciou a vida desses homens geniais, que embora médicos ficaram famosos por outros motivos.  Se não fossem médicos, talvez Noel não tivesse escrito a beleza de Coração, nem Martins Fontes, em prosa e verso, os temas médicos: O sistema arterial do Estado de São Paulo, O Sanatório de Santos em Campos do Jordão, A meningite-cérebro-espinhal-epidêmica em Vila Bela e outros. Nem São Lucas escrito o Terceiro Evangelho, em grego quase clássico e estilo a revelar o médico e o literato que era (Mons. Pio Paschini).

Nem Juscelino teria feito tudo o que fez e, depois de ter deixado a política, escrito este significativo testamento: “Médico sou, e título nenhum reputo maior, mais belo, mais dignificante. Invita-se desse sacerdócio impelido pelo sentimento... Não me esqueço de que como médico principiei a exercer a gratidão — uma graça divina — e a estendê-la — outra graça — podendo assim, sem quebra de humildade, sentir em mim uma presença de valia, de significação, de utilidade, que justifiquem a pena e a alegria de viver... Não me esqueço, por isso, de que foi como médico que caminhei até além da fronteira particular, para o horizonte sem fim dos serviços que a Nação espera de cada um dos seus filhos”.

Nem Pedro Nava dito: “Médico não deixa de ser médico, mesmo não exercendo a profissão, isso porque, político, artista, comerciante ou empresário, o médico conserva o desejo de curar e a vontade de melhorar. Essas duas características não perde — é o que marca, é o que nos faz ser médicos até a hora de morrer”.


* Guido Palomba é médico, apenas...


CELEBRIDADES FORA DA MEDICINA
Eles também estudaram medicina mas ficaram conhecidos por outros feitos:

Adhemar de Barros - Ex-governador de São Paulo
Alfonsinho - Ex-jogador de futebol
Anton Tchecov - Escritor russo
Agostinho Neto - Escritor, poeta e ex-presidente de Angola
Che Guevara - Líder revolucionário
Drauzio Varella - Escritor 
Guimarães Rosa - Escritor, autor de “Grande Sertão Veredas”
Marcel - Ex-jogador do Juventude (SC)
Max Nunes - Humorista
Michele Bachelet - Atual presidente do Chile
Moacyr Scliar - Escritor
Paulo Vanzolini  - Compositor e diretor do Museu de Zoologia
de São Paulo
Salvador Allende - Presidente assassinado do Chile
Sócrates - Ex-jogador da Seleção Brasileira
Zezé Polessa  - Atriz


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