Ponto de Partida

A utilização da alta tecnologia em saúde tem um impacto importante sobre os custos da assistência médica, sendo um dos principais geradores de conflitos entre médicos, pacientes, instituições hospitalares e operadoras de planos de saúde. O problema tende a se agravar quanto maior for a inserção da tecnologia no setor.

Porém, é inconcebível na atualidade dissociar os sofisticados recursos diagnósticos e terapêuticos da assistência prestada de forma desejável e digna para a sociedade. Sob este paradigma, os médicos têm dificuldades para garantir o melhor aos seus pacientes. Já quem paga a conta em geral reclama muito sobre a dificuldade de equacionar boa assistência a custo razoável.

Nesta edição debatemos o assunto com o oncologista do Hospital Sírio Libanês, Raul Cutait e o diretor da Federação das Unimeds do Estado de São Paulo, Ciro da Silva Monteiro. O problema é de difícil solução inclusive nos países desenvolvidos. Em outra matéria desta edição, a subsecretária de Saúde da cidade de Nova York, Lynn Silver, fala sobre a paradoxal situação em que se encontra o sistema de saúde dos EUA, por conta do enfoque na alta e cara tecnologia.

Com uma política de saúde das mais injustas do mundo, os EUA reduzem a cobertura assistencial na medida em que os recursos tecnológicos se tornam mais sofisticados. Segundo Lynn, os EUA gastam a média de sete mil dólares per capita ao ano em saúde (o dobro de outros países desenvolvidos), mas cerca de 46 milhões de seus habitantes não têm nenhuma cobertura assistencial. 

Ainda em relação à cobertura, apresentamos uma matéria sobre o trabalho de Ongs junto às comunidades indígenas da bacia do Rio Negro, na região de São Gabriel da Cachoeira. Uma das grandes dificuldades para a garantia de assistência médica nessa área é a transposição de distâncias. Por outro lado, o perfil epidemiológico aponta para a necessidade de assistência de nível secundário e terciário mais ao alcance dessas populações. 

Por último, gostaria de chamar a atenção para a homenagem ao Dia da Mulher (8 de março) que apresentamos em forma de artigo, escrito pelo conselheiro Isac Jorge Filho. Com sua peculiar curiosidade histórica, ele resolveu pesquisar a vida das bruxas. A esta altura os leitores e leitoras devem estar se perguntando: que tipo de homenagem se quer prestar às mulheres falando de bruxas? Para entender, leia o artigo do colega Isac nesta edição, além de todos os outros que estão igualmente interessantes.

Desiré Callegari
Presidente do Cremesp