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CAPA

PONTO DE PARTIDA (SM pág. 1)
O Conselho Municipal de Saúde e seu importante papel na aglutinação e mobilização dos trabalhadores da saúde


ENTREVISTA (SM pág. 03)
Inteligente e polêmico, o convidado desta edição é Paulo Henrique Amorim. Sem comentários!


CRÔNICA (SM pág. 10)
O médico Tufik Bauab recupera, em linguagem bem-humorada, um pouquinho do cotidiano que faz a história de cada um


SINTONIA (SM pág. 12)
Esporte competitivo. Qual o limite para que o treinamento não se torne excessivo e prejudicial à saúde?


MEIO AMBIENTE (SM pág. 15)
Doença de Chagas e transmissão oral. Total descaso das autoridades com o meio ambiente e a saúde


CONJUNTURA (SM pág. 18)
Voluntários sadios e a polêmica da remuneração nos testes clínicos


DEBATE (SM pág. 21)
O tema em discussão trouxe à tona o Exame do Cremesp e a qualidade do ensino médico no país


HOBBY DE MÉDICO (SM pág. 28)
Cirurgia plástica e alpinismo? Combinação perfeita! Acompanhe os desafios de Ana Elisa Boscarioli...


ESPECIAL (SM pág. 32)
Cem anos de convivência com a cultura japonesa: a arte e a gastronomia conquistaram os brasileiros, definitivamente


CULTURA (SM pág. 38)
Oscar Niemeyer: dedicação integral à criação e à arte da arquitetura no país e no exterior


TURISMO (SM pág. 42)
Ah! você não pode perder essa viagem a um verdadeiro paraíso batizado de Ilha do Cardoso


LIVRO DE CABECEIRA (SM pág. 47)
Acompanhe a dica de leitura de nosso diretor de Comunicação, Bráulio Luna Filho


POESIA (SM pág. 48)
Cora Coralina é a poetisa que fecha com chave de ouro esta edição da Ser Médico


GALERIA DE FOTOS


Edição 42 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2008

HOBBY DE MÉDICO (SM pág. 28)

Cirurgia plástica e alpinismo? Combinação perfeita! Acompanhe os desafios de Ana Elisa Boscarioli...

No topo do mundo

Entre a Medicina e o alpinismo, a história da brasileira que pretende chegar aos picos mais altos do planeta

A cirurgiã plástica Ana Elisa Boscarioli, 41 anos, foi a primeira mulher brasileira a atingir o cume mais alto do mundo – o Monte Everest, situado entre o Nepal e o Tibet, a 8.850 metros de altura. Os treinos, o planejamento e a realização das viagens dividem o cotidiano da cirurgiã com a vida familiar. E muito ainda será necessário para a médica concluir a ousada meta de ser a primeira sulamericana a alcançar os picos das sete montanhas mais altas dos cinco continentes. Dois já foram conquistados.

Além do Everest, ela chegou ao topo do Aconcágua, no Chile, a 6.962 metros do nível do mar. Entre os cinco que faltam está o Monte McKinley (Denali), no Alaska, com 6.194 metros, que por pouco não teve a bandeira brasileira fincada no topo por Ana. Em junho de 2006, a equipe da qual participava teve de renunciar à escalada a apenas 20 metros do pico –  uma passagem difícil e perigosa associada a ventos de mais de 50 quilômetros por hora tornaram a aventura muito arriscada. “Estava muito próxima do cume, mas acabei voltando, pois poderia ter congelado o dedo ou alguma ocorrência pior. Fiquei feliz de ter voltado na hora certa”. Casada e mãe de Francesca, de 7 anos, Ana diz que não considera as desistências frustrações. “O mais importante é voltar com vida”. Ela iniciou-se no alpinismo quando a filha tinha apenas seis meses.


Ana Elisa em uma das etapas do Everest

O gosto foi despertado quando ela fazia um trekking a um acampamento-base no Everest, em 1999. Ao voltar para o Brasil, comprou livros de Fisiologia e Medicina de Altitude para entender as possibilidades e limitações de seu corpo. Nascida em Igarapava, interior de São Paulo, a cirurgiã foi criada em Campinas, onde formou-se em Medicina pela Unicamp. Esportista desde criança, nos tempos da faculdade participava de corridas de rua e maratonas, o que contribuiu para que ganhasse condições físicas  para o alpinismo. “Você deve andar na mesma velocidade e estar em condições de fazer a escalada para não atrasar a equipe”. Ana dedica-se a pesados treinos nos finais de semana e entre suas atividades de trabalho.

Vida nas alturas

Durante uma escalada, os dias de um alpinista são bem diferentes do normal. A vida a seis mil metros de altura exige paciência, cuidados e a ajuda da tecnologia. Para a aclimatação, os alpinistas sobem as montanhas aos poucos, com paradas programadas, o que reduz o desgaste do corpo. “Acima dos seis mil metros está a área que chamamos de ‘zona da morte’. Dormir a essa altitude é desgastante, o corpo se descompensa muito rápido. Acima dos sete mil metros as montanhas são extremamente difíceis”.

Geralmente os alpinistas contam com apoio de uma equipe em um acampamento-base que fornece dados meteorológicos, posição e velocidade dos ventos, orientando sobre o momento adequado para avançar ou fazer paradas. A experiência dos nativos também é valiosa. “No Everest temos uma super infra-estrutura, com previsão do tempo para 15 dias – vindas da Suíça, Inglaterra, Nova Zelândia e cujas informações são cruzadas. Além disso, os moradores mais experientes olham e falam ‘esse tipo de nuvem indica que vai nevar tal hora, tantos centímetros’, ou então  ‘está nevando, mas pode ir que não tem problema’”.

Nem sempre a tecnologia e a experiência dos nativos são suficientes para garantir confiança aos alpinistas. “Existe um pouco de intuição pessoal também.  Há dias que a gente chega, olha para a montanha e diz ‘ah, não é hoje’ ou ‘eu não tenho condições’. É como se a montanha te recebesse”.

Para poucas e fortes

O alpinismo é predominantemente masculino. Segundo Ana, no Everest, de cada equipe com 20 alpinistas, apenas uma é mulher. “A gente carrega uma  mochila pesada e anda por muito tempo. Para isso, o homem tem mais massa muscular que a mulher. Mas aquelas que eu conheci na montanha são muito fortes e andam tão bem quanto os homens. É para aquele perfil de mulher que gosta de aventuras; e são poucas as que enfrentam esse tipo de vida e um ambiente hostil”, revela. Mesmo sendo incomum, há espaço para cavalheirismos quando as mulheres integram uma equipe de alpinismo. Ana, inclusive, já aceitou que parte de seu equipamento fosse levado por um companheiro de aventura. 


RELAXAR É PRECISO


Pico do Monte Everest

Poucos são capazes de encarar uma escalada ao cume do Everest como uma atividade relaxante. Mas Ana Boscarioli diz que é assim que relaxa do estresse do trabalho. Conheça um pouco mais a vida da médica na entrevista a seguir:   

Seus colegas de trabalho apóiam sua dedicação ao alpinismo?
Os amigos apóiam, mas falam que sou louca. A maioria deles tem hobbys: um é velejador, outro maratonista, etc. Na profissão, lidamos com a vida das pessoas e temos uma carga de estresse um pouquinho maior.  É importante para o médico ter uma atividade paralela bem diferente para que consiga relaxar.

Como concilia o trabalho de cirurgiã com o alpinismo?
Na minha especialidade tenho mais autonomia e liberdade, então consigo pré-agendar viagens. Eu preciso de muito treino e dedico todos os meus finais de semana para isso. Alguns amigos já falaram que meu trabalho é a montanha e meu hobby a cirurgia plástica. Mas adoro meu trabalho e nunca pararia, mesmo que ganhasse dinheiro com a montanha. É com a Medicina que pago as minhas montanhas. Não tenho nenhum patrocínio, sou eu quem banca as minhas viagens.

De que forma os alpinistas trocam informações?
Depende muito do tipo de expedição. No Aconcágua tinha uma pessoa no acampamento-base que fazia contato por rádio. Mas ele estava lá embaixo apenas para alguma emergência, não tínhamos tanta infra-estrutura. No Everest tínhamos estrutura no acampamento-base, com o qual estávamos em contato por rádio o tempo todo. No Monte McKinley, no Alaska, éramos uma equipe de seis pessoas, progredindo junto o tempo todo. Lá, tínhamos duas cordadas (dois ou mais alpinistas unidos pela mesma corda) de três pessoas. Então ficávamos a uma distância de 200, 500 metros entre nós e nos falávamos por rádio.

É possível descrever a sensação de quando se chega ao cume?
Todo mundo faz essa pergunta! No Everest, por exemplo, fiquei dois meses acampando em barraca até o dia do ataque ao cume. Chegamos a ele depois de 11 horas de escalada, sem muitas condições de parada para tomar água e se alimentar. Eu tive hipoglicemia e desidratação, mas quando cheguei lá em cima tive aquela sensação de “ah.. consegui”, mesmo super cansada e desidratada. Até aproximadamente duas horas antes eu pensava em voltar, estava muito sonolenta por causa da hipoglicemia. Você cumprimenta as pessoas; eu queria usar minha máquina fotográfica, mas achei que ela estava congelada; queria ligar para o Brasil para avisar, mas a bateria do meu telefone congelou; queria sentar um pouco pra descansar, mas o tempo era inseguro para ficar lá em cima. Na verdade foi o meu sonho, por anos fiquei pensando naquilo, não conseguia fazer outros investimentos na minha vida, porque queria guardar dinheiro para poder fazer isso, então fui deixando outras coisas em segundo plano. No fundo, nem dá tempo de apreciar e pensar “pôxa aqui é o topo do mundo” e olhar tudo. É muito rápido. Depois vai “caindo a ficha”. Você vai descobrindo tudo na descida e durante muito tempo depois. Foram 15, 20 minutos, e aí o nosso líder começou a falar “Vamos sair daqui porque o vento está aumentando, a gente tem que descer”, então é uma coisa muito rápida, mas que eu nunca vou esquecer.


Colaborou Gustavo Tristão


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